Todos os pilares que se destinam à cimentação de próteses odontológicas com acesso para o aparafusamento pós-cimentação recebem inúmeros sinônimos, entre os quais: “links”, “TiBases”, “interfaces”, entre outros. Independentemente da escolha do nome, função (unitários ou pontes) ou fluxo de trabalho (convencional, digital ou híbrido), a técnica é consagrada há décadas, eu próprio sendo usuário e defensor fervoroso da mesma.
No que pode ser considerado o início da implantodontia moderna na América do Sul, foi um divisor de águas na minha carreira: o emprego da KAL Technique, Kulzer Abutment Luthing Technique. O sistema compreendia hardware e compostos para o preparo físico, mecânico e químico para a silanização das superfícies dos componentes e das cavidades das próteses para efetiva cimentação dos pilares às próteses, propiciando passividade para pontes e protocolos.
Na atualidade, as sementes lançadas nesta época floresceram e difundiram, tendo seus princípios inovadores presentes na rotina da reabilitação mundial, há muito já associada inexoravelmente com técnicas de planejamento CAM e produção CAD, seja por fresagem CNC ou Manufatura Aditiva.
Partindo do exposto, compartilho os princípios desta técnica, exemplificando com um caso unitário, há 30 anos.
A técnica de cimentação, intra ou extra-oral, com acesso ao parafuso de retenção do pilar é, em última instância, o que define a denominação de uma TÉCNICA, muito antes que a denominação de um COMPONENTE.
No decorrer da minha carreira , exclusivamente dedicados à arte da reabilitação sobre implantes dentários em clínica privada e na consultoria técnica para as marcas de implantes que realmente me cativaram, utilizei esta técnica sempre coroado de êxito, fossem próteses unitárias ou múltiplas.
Sendo o fluxo digital uma rotina, a técnica é simples e não deve ser preterida ou temida por qualquer etapa deste processo, porque o mais importante é o processo e qualidade da cimentação às próteses que se destinam.
Como toda técnica, existem as indicações corretas para a sua aplicação.
A principal vantagem desta técnica é proporcionar passividade de assentamento entre prótese e implantes, minimizando riscos às conexões implantares. Assentamento passivo se traduz em otimizar distribuição de cargas mastigatórias, eliminação de tensões induzidas por distorções advindas do processo laboratorial, diminuição de stress dos parafusos de retenção protéticos por distensão ou distorção dos parafusos devidos a estruturas não passivas sobre suas bases.
As superfícies de conexão implantar das “interfaces”, notoriamente usinadas em Titânio F136 apresentam-se íntegras do início ao fim do processo, pois que não são submetidos à oxidação dos processos de sobrefundição e aplicação de cerâmica, tampouco à remoção destes óxidos por jateamentos de mídia sob pressão (AlO3 e esfera de vidro).
Outra vantagem que garante qualidade é a indiscutível precisão dimensional, pois que estes componentes devidamente regulados pelos órgãos de controle sanitário de cada país, são obtidos por torneamento CNC com tolerâncias garantidas sob rígido controle de qualidade, do início ao fim do processo; Tal controle dimensional dificilmente será alcançado por fresadoras laboratoriais ou impressoras. Importante salientar que “interfaces” e seus parafusos se classificam como de Grau de Risco III junto à ANVISA e demais agências reguladoras.
Cito como uma grande vantagem PILARES fornecidos por empresas como a LockFit, que fornecem uma ampla variedade para todas finalidades de reabilitação sob fluxo convencional, digital ou híbrido, devidamente anodizados para otimizar a estética final do caso.
Esta técnica é plenamente utilizada na maioria dos casos protéticos parafusados, sejam unitários ou múltiplos. Vejo como contra-indicações para o emprego da técnica, casos clínicos com pouca altura interoclusal, que implica uma reduzida área de cimentação para retenção e manutenção da integridade da cimentação entre os pilares e estrutura protética; casos de implantes com extrema divergência, que pode restringir as possibilidades de opções de pilares e exigir o emprego de prótese cimentadas convencionais por razões estéticas e, obviamente, causaria dificuldades em relação à obtermos a retriviabilidade tão desejada aos nossos trabalhos sobre implantes.
Usarei um exemplo clínico realizado bem antes do surgimento da tecnologia CAD/CAM (1997), portanto, com pilares e estrutura metalocerâmica convencionais para comprovar como a técnica continua atual e prática.
Escolha a Pilar apropriado;
Posicione o pilar intra ou extra-oral (modelo-mestre) de acordo com a técnica escolhida; Proceda aos preparos preliminares para adequação dimensional, sempre mantendo o eixo de inserção (expulsividade) se necessário.
Execução da prótese: nesse caso, segue padrões convencionais para elucidar a versatilidade da técnica: enceramento de casquete de cera para técnica metalocerâmica convencional.
O enceramento é obtido preservando o orifício de acesso à “interface”. Procede-se à inclusão e fundição do padrão de cera e demais passos até a ceramização.
Proceda às manobras preliminares para cimentação da prótese ao pilares (asperização da superfície do pilar e área interna da prótese com jato de AlO3; segue a limpeza, remoção de contaminantes e aplicação de primers, se aplicável).
A proteção do orifício do parafuso do pilar deve ser feita com pellet de algodão ou teflon (prefiro a primeira opção).
A obliteração dos orifícios de acesso aos parafusos nas próteses serve para evitar o extravasamento do adesivo (prefiro a cera 7 como material obliterante).
Uma vez finalizada a cura, desparafuse o conjunto prótese/interface e remova os excessos do adesivo chairside, com acesso privilegiado, tendo o cuidado de preservar o perfil de emergência tecidual com o reposicionamento do provisório até então utilizado ou cilindros de proteção (cicatrizadores). Após a remoção e polimento da linha de cimentação, faça a assepsia das próteses, selecione parafusos novos e proceda a entrega definitiva do trabalho;